Blog feito com amor!

26 de mar. de 2010

Histórias vivênciadas por ALBINOS(AS)

Miguel contribuiu com o INSS por 12 anos e agora não consegue comprovar sua deficiência para o instituto

Luta da maioria dos albinos(as)!

Fonte:http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=28234

Faça chuva ou faça sol

Rede SACI 15/03/2010


Miguel José Naufel é albino e tem visão subnormal. Há 10 anos luta no INSS por sua aposentadoria. Agora, ele também move uma ação contra a administração de sua cidade, onde seu próprio primo é prefeito, exigindo que ela forneça seus protetores solares

Isabela Morais

Trabalhar e um dia se aposentar parece ser uma coisa óbvia. Mas não é bem assim. Se você é um aposentado ou tem algum na família já deve conhecer as exigências para que a aposentadoria seja concedida e os inúmeros problemas burocráticos que o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) tem e que vão exigir do candidato a aposentado a apresentação uma extensa papelada e muito fôlego para enfrentar filas de horas para resolver os pepinos que sempre aparecem pelo caminho. Achou cansativo? Agora imagine tudo isso somado a desaforos de um médico e seu pedido de aposentadoria sendo empurrado por 10 anos.

Essa é a situação de Miguel José Naufel, de 51 anos, morador de Mococa no estado de São Paulo. Miguel tem albinismo, um defeito genético que faz com que o organismo não produza melanina, a substância responsável por dar cor à pele. Devido à sensibilidade dos olhos, que também não possuem melanina, geralmente os albinos costumam sofrer com algum problema na visão. Miguel tem visão subnormal. Quando era jovem, Miguel não se importava muito em cuidar da pele. Bastava um pouco de protetor solar, um chapéu e óculos escuros e pronto, lá ia Miguel pelas ruas da cidade. Como ele próprio diz, "não me importava em caminhar pelas ruas de Mococa durante o dia, sendo que aqui é muito quente". Agora com 51 anos, ele tem muitas feridas no corpo, pois as roupas normais não conseguem proteger a pele de um albino contra os raios solares. Um dos grandes perigos é o câncer de pele, doença que ele já possui na perna esquerda.

Mesmo com a deficiência visual, Miguel trabalhou muitos anos como autônomo. Prestou serviços a clubes noturnos como sonoplasta, onde usava equipamentos de som adaptados. Mas a juventude passou, e agora ele não tem mais disposição, nem saúde suficiente, para andar por aí.

Por 12 anos, Miguel contribuiu com o INSS, mesmo como autônomo, já que sua deficiência tornou muito difícil sua inclusão no mercado. Há 10 anos ele move uma ação civil contra o INSS para conseguir sua aposentadoria por deficiência. Ele relata que, em sua primeira perícia médica, o médico declarou verbalmente que, como seu primo era prefeito de Mococa, poderia empregá-lo na prefeitura. Então o médico negou o pedido de auxílio doença. Isso há 10 anos. Na segunda vez que Miguel realizou uma perícia, o médico aceitou o pedido, mas o conselho da regional do INSS de Campinas reprovou. Há dois anos ele entrou com outro pedido e chegou a enviar um exame de oftamologia e mapeamento da retina que constata sua deficiência. Miguel ainda está aguardando o pronunciamento do INSS.

Tanto tempo de espera tem um motivo. O INSS tem uma espécie de tabela de deficiência. Funciona assim: se seu grau de deficiência atingir um determinado patamar, determinado por eles, você é considerado deficiente. Se você não atingir esse grau, o INSS diz que você não é deficiente. A deficiência visual de Miguel está 2 graus abaixo do que essa tabela determina. Paralelamente a isso, ele move uma ação contra a prefeitura de Mococa para que ela forneça protetor solar, que é fundamental para proteção da pele de Miguel, não importando se o céu irá estar aberto ou nublado. Ele ainda lembra: "Meu primo é prefeito de Mococa, é médico e tem conhecimento de minhas dificuldades".

O que nos mobiliza é a nossa força interior, e acreditarmos que iremos conseguir e que nada é em vão!